Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

31.3.08

O barquinho


O menino tinha feito um barquinho de papel... Mas não era pequeno, nem frágil! Era o seu barco de papel, que enfrentaria todas as batalhas com ele!

E o menino vivia feliz com o barco, para cima e para baixo, contente com o que havia conseguido. Seu barco era tão legal que chegava a causar inveja nos outros, que algumas vezes tentavam afundá-lo. Mas eles sempre resistiam...

Só que o pequeno menino percebia, cada vez com mais intensidade, que aquele seu barquinho estava destinado a cumprir grandes objetivos em sua vida.

Aquele barquinho então, tão forte e firme, que era sua benção, passou também a pesar-lhe nos ombros. Porque ele sabia que, para onde o barquinho deveria ir, ele não podia mais acompanhar.

E já havia começado... O barquinho ia cada vez mais longe nas águas e ele acompanhava com os olhos, distante...

E sentia orgulho.

Sim, uma pontada de tristeza também, que não podia evitar...

Mas sentia orgulho.

Só que, por mais orgulho que sentisse, a tristeza ia aumentando...

Porque ele sabia que o barquinho iria embora. E iria sem ele...


...


Um dia, o menino foi ver o mar... Tão grande, tão azul, tão bonito...

Andou pela areia, escolhendo um lugar calmo para ele e seu barquinho...

Finalmente, sentou-se na praia, no exato ponto onde as ondas tocavam-lhe os pés e preparou-se para a despedida.

Encarou aquela imensidão azul, esperou uma onda chegar perto e colocou seu barquinho...

E o barco se foi, navegando contente, desafiando as ondas... Mas não se sabe ao certo se ele pôde escutar as últimas palavras que o menino disse à ele:


"Eu te esperaria aqui, por toda a eternidade, se fosse preciso... mas somente se eu tivesse a certeza de que um dia, seja quando for, você voltaria. E sei que você não pode, e nem quer, me deixar essa certeza. Portanto, tudo o que posso fazer é me despedir... Adeus, meu barquinho, que você seja feliz em suas novas aventuras, como eu fui feliz com você. Adeus, meu amigo..."





-Destinado a todos aqueles que, um dia, já tiveram que deixar seu barquinho partir. Tenha sido ele um filho, um amigo, um amor...

Que eles naveguem alegremente por águas serenas...

28.3.08

...


Porque tem horas que a gente sente falta até da dor.

Daquela dor.

Aquelas que existiam antes dessa.

Aquelas dores pelo menos a gente via solução.

E a solução dessa parece tão... Irreal...

Tão...

Indesejada...


(texto só pra ocupar espaço, só porque eu fiquei com raiva de ter esquecido o meu caderno em casa, com os textos que eu queria postar... Droga)

27.3.08

Lar doce Lar




"Seria tão mais fácil se ele pudesse voltar a noite para um lugar onde pudesse realmente descansar...


Mas estava tão difícl...


Tão...


Difícil...




E era por isso que ele evitava tanto voltar... Era por isso que caminhava, o máximo que podia. Era por isso que buscava novos prazeres, novas emoções e até mesmo (por que não?) novas dores. Porque enquanto caminhava, enquanto buscava, sua vida parecia ter um mínimo de sentido...




Mas tudo isso acabava quando chegava alí.




E estava tão...




Difícil."

24.3.08

...


...Minha cabeça é uma vitrola,

onde cada música que toca

me faz lembrar de você...

19.3.08

...Sobre este lugar...


Tentou acenar, chamar atenção com seus braços, mas não conseguiu se mover...

Ele tentou falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta...

Tentou finalmente gritar, mas somente o silêncio saiu de dentro dele.

É...

Talvez aquele caixão onde havia se enfiado não era o melhor lugar para estar naquele momento.

Mas somente alí ele poderia ter certeza de que nenhuma outra dor o atingiria...

E somente alí ele podia se impedir de causar mais dores às pessoas ao seu redor...




[Mas ele estava com frio... tanto frio... E precisava tanto daquele, sim daquele, abraço... Daquelas palavras, daquela força. Mas sabia que não podia sair dalí. Ele ia causar só mais e mais dor, e se arriscar a sentir mais e mais dor... Então, ficaria alí... Alí, mesmo que ninguém o escutasse, ninguém o visse, ninguém o tocasse, ele estava seguro...]

... Se ao menos ele pudesse fugir de seus pensamentos...

18.3.08

Sobre Máscaras e Muletas


Sei o que você está pensando de mim, mas me desculpe, dessa vez você está errada...

Isso que você vê em mim, e tanto critica, não é uma máscara, mas sim uma muleta.

Porque, sem isto, eu simplesmente não consigo.

Sem isso, simplesmente não dá para continuar a andar.

Sem isso, eu não vejo mais motivos para prosseguir...

Então não.

Não é uma máscara.

Não estou escondendo meus sentimentos e o que eu realmente sou.

É uma muleta.

Nada mais do que uma simples e frágil muleta...

17.3.08

Uma forma de despedida.


Todo mundo sempre me disse que não era pra eu acreditar em você.

Todo mundo me disse que tudo aquilo era só uma ilusão...

Um castelo de sombras...

Mas mesmo assim, eu sempre acreditei...

Mesmo assim, eu dei minha cara a tapa por você e me machuquei, me cortei, inúmeras vezes.

Incontáveis vezes eu escutei que você não existia. Mas eu, teimoso, insistia em acreditar.

Acreditava porque, de vez em quando, algumas vezes com mais freqüência, você dava mostras de ser verdade. Mas, de alguma forma, sempre parecia escapar.

Mas agora...

Agora não dá mais.

Foram muitas feridas para eu continuar...

Pois é...

Quem diria...

Logo eu, a desistir de você?

Não sei...

Acho que, de alguma forma, você vai continuar aqui, escondido em algum canto...

Porque, enquanto eu não tiver provas de que a minha Moby Dick é realmente tão somente uma monstruosidade mecânica, acho que eu nunca deixarei realmente de acreditar.

Mas, por hora, são poucos os motivos que me convencem a continuar a procurar.

São muitos os motivos para deixar de acreditar.

Pois é, logo eu, um de seus maiores defensores.

Pois é. Me desculpe, mas... Aquela fruta já não tem mais o mesmo gosto.

16.3.08

Insônia Voluntária


Toda noite aquilo se repetia.

Tinha medo de ir para a cama.

Sabia que alí, naqueles lençóis, seria invariavelmente levado para um lugar onde ele não queria ir. Porque tinha medo daquele lugar. Porque lá ele era feliz.

Fugia então, o máximo que podia. Inventava milhares de desculpas, milhões de razões para não ir se deitar.

Mas, no final das contas, ele sempre tinha que ir.

E, sem escolha, era levado. Levado para aquele lugar onde se sentia tão bem. Tão calmo. Tão... qual é a palavra mesmo? Aquela coisa que fazia tempo que ele não sentia... ah sim! Feliz. Tão feliz...

E, de repente, no auge dos sentimentos bons, sentimentos que ele só experimentava naquele lugar, ele era puxado de volta. Era forçado a encarar a realidade. Encarar que nada daquilo era real, tudo aquilo só existia naquele mundo estranho, onde ele não podia voltar quando queria, nem mesmo escolher não ir.

Por isso tinha tanto medo. Porque sabia que invariavelmente teria que acordar. Se não, ele adoraria aquilo. Adoraria passar o resto da vida naquele mundo, por mais falso que fosse. Se ele não tivesse que acordar, sempre.

Então, era preferível nem dormir. Era preferível nunca mais experimentar aquelas sensações boas, se fosse somente pra perceber, diariamente, que nada daquilo era real.

Mas sabia que era impossível. Tinha que enfrentar aquela batalha, diariamente...

Porém, não podia deixar de se perguntar: O que fazer quando a vida que você queria ter só existe num sonho e a vida que você realmente leva parece ser um pesadelo do qual não se consegue acordar?

Outra Dose


- Tome outra dose.

E ele tomou, e o líquido desceu amargo pela garganta.

- Outra.

Bebeu novamente, a contragosto.

- O que foi? Não era isso que você queria?

E ele respondeu que era, era sim. Era o que ele queria. Antes. E no começo, aquilo estava lhe fazendo bem. Mas não agora. Agora estava difícil beber.

- Vamos, engula tudo. É bom pra você, te fará bem.

E ele bebia, cada vez com mais dificuldade. E parecia que não estava lhe fazendo bem. Aquilo lhe dava ânsias, revirava seu estômago! Não lhe dava mais aquela paz, aquela sensação boa do começo. E ficou pensando se aquilo tinha sido realmente bom, ou ele estava só mentindo pra si mesmo, tentando se convencer de que deveria ser bom.

- BEBA!

Mais um gole forçado. E ele continuava bebendo, dizendo a si mesmo que um dia aquilo lhe faria bem. Mas estava difícil agüentar. Ele queria levantar, sair daquela mesa, dizer “CHEGA, cansei dessa bebida maldita. Ele não me fará bem e só agora percebo isso”. Mas tinha medo. E se um dia aquilo fizesse efeito? (BEBA!) E aquela máscara em seu rosto também lhe fazia bem. Trazia uma proteção muito grande. Ele sabia que era falsa, que não correspondia a ele, mas por trás dela se sentia seguro. Mantinha seus verdadeiros sentimentos protegidos, enquanto ele tentava afogá-los com aquela bebida de gosto acre.

- Vamos, mais um pouco...

E ele engolia, sem forças para se levantar e dizer chega. Segurava-se à idéia de que se ele fosse forte, e ficasse ali, tudo se resolveria. Um dia. E bebia mais um pouco. Mas se sentia cada vez pior. Mas bebia mais um pouco. E o mundo passava lá fora. Ele sabia que tinha gente esperando por ele lá fora, sabia que um dia precisava sair daquela letargia. Mas tinha medo e odiava admitir que tinha medo. Já não era mais tão fácil ficar ali sentado. Mas sentia que se levantasse, perderia o jogo. E odiava perder. Odiava se sentir fraco. Odiava ter que buscar forças em outro lugar. (Mais um gole!). Mas antes estava mais fácil se sentar ali. Por que é que estava ficando tão difícil? Por que é que o maldito “remédio” já não fazia mais efeito (se é que algum dia realmente tinha feito...).

Aquela situação tinha que se resolver. De uma forma ou de outra. Mas não hoje. Não agora. Agora ele só podia beber. E esperar pelo melhor...

15.3.08

PRA VOCÊ,

que está chegando agora.

Revivi esse blog, a um tempo deixado de lado. Me surpreendi com coisas aqui, que nem vou comentar...

Se você nunca tinha entrado aqui, comece lá de baixo e vá subindo. Não tem tanta coisa assim, mas pelo caminho contrário, você vai se perder na idéia dele. "Ele" mudou com os anos. Mas tudo começou lá embaixo.

Pra você que já veio aqui antes, que já leu, dá uma passada de olho de novo. Tenho certeza que algumas coisas aqui vão te surpreender também, como me surpreenderam.

Antes que me perguntem, não sei porque resolvi reviver este blog. Não tenho uma explicação exata, nem justa, nem certa. Ele simplesmente voltou. Não sei por quanto tempo, nem sei quanto vou postar... mas ele voltou. E voltou com um texto novo/antigo, logo abaixo desse.

Divirtam-se.

Espera


- Ela vem, ela vai, ela corre, ela chega.

Ela fica, ela volta, espera, foge outra vez.

Ela é móvel, ela é o vento, dinâmica, veloz...

...

E ele espera.

Aguarda.

Ele a vê, e sente inveja.

Mas espera, e ela demora.

E ele espera, espera.

...

Mas ela não volta.

...

Ainda assim,

ele espera.

Espera com a felicidade de quem sente saudade.

Espera com a tristeza de quem sente falta.

(18-10-2007)