Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

30.12.05

Já é Tarde

Então pessoas... Que tal um texto em primeira pessoa, só pra variar?






Mais uma vez esse sentimento me invade. A letargia toma conta de meus membros de modo que nem um carro vindo em minha direção me faria me mexer. As luzes passando velozes pela estrada, enquanto estou sentado neste meio-fio, somente aumentam a confusão em minha mente. Sinto como se já não tivesse forças para me levantar, para romper este casulo de medo e insegurança que me envolve por completo. A vontade de viver parece se esvair de meu corpo lentamente. Deito-me a beira da estrada olhando a lua e as estrela, imaginando como deve ser calmo lá em cima. O som dos carros agora parece distante... Ouço vozes a me chamar e luzes piscam próximas a mim. Ouço meu nome repetidamente, mas agora já é tarde para mim. Muito sangue já escorreu de meus pulsos, muitas lágrimas já cortaram meu rosto. Ouço a trombeta divina dos anjos que vem me buscar, me levar para um lugar melhor talvez. Já é tarde para mim, mas não me sinto mal. Estou finalmente em paz...
Já é tarde para mim, tarde demais para recomeçar...

25.12.05

Saída






Correr. Tudo no que ele pensava era correr. Ele precisava correr. E ele corria...
Corria para não ser alcançado. Ele podia senti-los, se aproximando cada vez mais, vigiando de todos os cantos, fechando cada saída, exceto a sua frente. Por isso ele corria...
Não podia vê-los, ma os sentia. Ouvia sua respiração, divisava vultos pelos cantos, sentia sua sombra aproximando-se cada vez mais. E por isso ele corria...
Tudo isso ele passava naquele quarto de hospital, em coma a 6 meses, lutando contra seus demônios interiores procurando uma saída. Uma saída para a vida. E por isso ele corre...


Então... pois é... Ele não morreu...
Mas, sinceramente, se fosse eu, preferia estar morto....

19.12.05

Ensaio Sobre a Dor no Mundo




O brilho, a faca, o corte, o sangue...
E ele havia feito de novo... O sangue escorria pelo seu peito e a dor o invadia, inebriando seus sentidos. E ele adorava isso. Adorava sentir a dor, adorava sentir o frio corte da faca em seu corpo, adorava a tontura causada pela falta se sangue.
Sim, vocês devem pensar que ele é um louco. Mas, qual é sua loucura? Afinal, ele estava fazendo o que gosta, e quantas pessoas que você conhece podem se dar ao luxo de dizer isso?
Mas, analisando de outra forma a questão... No que essa pessoa citada acima, a princípio imaginaria, é tão diferente de você? De nós? De toda a humanidade?
È fato. O ser humano sofre, gosta de fazer sofrer e gosta de sofrer. Mas ninguém admite isso. Não, não há exceções, pois a dor nos faz fortes. Indubitavelmente, precisamos sofrer para crescer, física e mentalmente...
Mas, voltemos à personagem criada acima. Sozinho, num quarto escuro, uma faca na mão e um sorriso nos lábios. Cada parte do seu corpo é preenchida por cicatrizes. Cada vez maiores, cada vez mais profundas. Pois ele se acostumava com a dor e um simples corte não mais o felicitava. Precisava ser grande, precisava cortar fundo...
Voltando à humanidade. Não nos acostumamos à dor? Não nos acostumamos a ver todas as noites crianças ensangüentadas, pessoas mortas no sofá de sua casa e outros horrores que ficaram tão comuns à nossa vida? E a cada cena que assistimos, mais um corte nos é feito. Imperceptível, com o tempo cada vez mais indolor, mas cada vez mais profundo. E a cada bombardeio, a cada prédio derrubado, a cada bomba detonada, um pouco mais nos esquecemos da dor. E cada vez mais, precisamos de mais...
E o que aconteceu com o nosso personagem? Está caído no chão de seu quarto, imóvel, sem respirar... O corte em seu peito não mais sangra e o corte em seus pulsos derrama suas últimas gotas... Sim, ele está morto. Finalmente alcançou seu grad-finale, uma chaga q nem ele pôde superar.
E nós? O mundo? A Humanidade? Quanto mais de dor teremos que suportar até percebermos que nosso fim esta cada vez mais próximo? Infelizmente, parece-me que muito está por vir... Então, aproveitem enquanto podem...
Eu? Eu lhes digo adeus... A faca já está em minhas mãos e o primeiro corte já começa a sangrar. Minhas cortinas se fecham, mas o seu espetáculo ainda continua.
Pense nisso, pois aqui, parece-me que o louco não sou eu...
Esse é um texto meu que eu gosto bastante... Que eu escrevi esse ano, numa aula da facul... Primeira experiência com essa "intertextualidade", de misturar o conto com um texto...
Tá, e eu prometo que no próximo texto Ele não morre no final............

18.12.05

Cria da Insanidade



Os dias passavam, trazendo uma agonia intensa. As sombras daquele amor insistiam em obscurecer seu caminho. Olhando as pessoas em volta ele imaginava: Como essas pessoas conseguem ser tão felizes? Como podem não perceber a desgraça que o mundo se tornou? Será que a infame angústia da dor ainda não havia tocado suas pobres almas? Será que eles não percebem que um mundo fantasioso foi criado em torno deles, baseado em mentiras e condenações? Ele simplesmente não conseguia entender. Em sua busca por uma resposta ele passou em frente a uma Igreja e decidiu-se por entrar. Ajoelhou-se e rezou, não propriamente a Deus ou a Jesus. Suas orações eram destinadas a forças superiores, que ele ignorava existirem até esse momento. Então abriu os olhos e olhou ao redor. O que viu somente aumentou sua dor. Agora podia ver a ganância eclesiástica, com suas Igrejas fenomenais, com suas abóbadas e detalhes em ouro e minerais preciosos, materiais conseguidos através da exploração humana, da destruição da natureza, da vontade de serem superiores. Ele não aguentou permanecer naquele local, porque agora ele havia entendido a razão de sua existência! Sua mente havia finalmente clareado! Sua dor tinha finalmente um significado e a humanidade precisava entender, como ele entendeu! Através da dor. Se era isso que ele precisava fazer para clarear as suas mentes, então que assim seja... Todas essas memórias passavam por sua mente enquanto ele andava por aquele corredor escuro, ouvindo gargalhadas cínicas e gritos de pavor. Por que ele não conseguiu faze-los entender? O que tinha feito de errado? Seus pensamentos giravam enquanto o amarravam àquela cadeira. Enquanto pensava em toda dor que havia causado e que ela não havia retirado a névoa das pessoas, ele se lembrou do que todos chamavam de “Julgamento”... Ele não havia entendido o sentido daquilo! Enquanto várias pessoas desconhecidas discutiam a sua frente sobre se ele tinha ou não torturado e matado todas aquelas pessoas, ele nada podia fazer. Então ele se levantou e gritou: “- Sim, eu as matei! Foi para isso que nosso Deus me colocou nesse mundo! Para fazer as pessoas enxergarem a verdade! Entenderem, como eu entendi! Pelo sofrimento! Qual é o problema nisso? Sigo somente as ordens de meu Pai!” Então todos pararam. As discussões se encerraram... Dois homens o prenderam a correntes e o levaram para um quarto escuro. Muito tempo se passou, sem que ele entendesse o que fazia lá... Agora, sentado naquela estranha cadeira, um homem de preto com uma cruz parecia rezar. Rezar para que? A desgraça humana já tinha alcançado seu ápice! Então o homem de preto saiu e seus pensamentos foram interrompidos por um estalo. A eletricidade passou por todo seu corpo, causando uma dor aguda, que logo se acabou. Então ele descansou, finalmente livre das dores que tanto suportou.

17.12.05

Ele

Ele não podia mais aguentar. Ficava acordado somente pensando nela. Os minutos, as horas passavam sem que ela saísse de sua cabeça. A casa vazia ecoava a voz dela e nem o rádio no último volume a fazia parar. Ele gritava no escuro do seu quarto enquanto a ouvia falar palavras desconexas, sobre amor e outras coisas que ele não conseguia distinguir.
Na esperança de fazê-la parar, tentou dormir. O sono veio trazendo sonhos, onde ele a via ainda mais claramente, tão perto, mas ainda assim tão distante. Precisava fazer aquilo parar. Precisava dar um fim naquela insanidade.

Saiu para as ruas tentando achar uma resposta, mas as pessoas somente aumentavam sua agonia. No alto de uma ponte, ele a ouvia gritando, chamando-o, e ele a obedeceu. Subiu e não a encontrou. A luz dos carros e o som de caminhões somente aumentava a paranóia em sua cabeça. Ele precisava fazer aquilo parar! Olhando para baixo, via o caleidoscópio das luzes da cidade formando o rosto de sua amada. Tentando achar a salvação, ele olhou para os céus implorando por um caminho. Então ele a viu. Mais perfeita do que jamais tinha percebido, mais pura do que jamais havia notado. Ela esticou a mão, mostrando-lhe o caminho, mas ele não a aceitou. Não podia mais viver ao lado dela, vendo-a sem tê-la. Ele precisava de outro caminho. E encontrou. A buzina dos carros foi aumentando enquanto ele se aproximava do chão. De repente, tudo parou. Ele não ouvia mais nada, não via mais nada. Finalmente encontrou a paz que sempre procurou. Descansa agora nos braços de quem o criou.

Isso eu escrevi quando tinha uns 14, 15 anos... Sei que não é mto bem escrito, e a história não é lá essas coisas, mas... foi meu primeiro, e que melhor forma de começar o blog?

Antes de tudo, Olá!

Então...
Esse é um lugar onde poderei publicar algumas coisas q eu escrevo...
Muitas vezes o personagem será simplesmente "Ele"... o porquê disso, deixarei para outra oportunidade...
Algumas vezes poderei até colocar uns textos que não sejam sobre Ele, mas acho q isso será raro...
Esse é um lugar, como dito lá em cima, onde eu posso não ser eu... Isso significa que a maioria do que eu escrever aki não é necessariamente minha opnião, não é o que eu sinto, ou o que eu penso... é um lugar onde posso expressar outras coisas...
Ok?

Bom, isso é tudo pro post inicial...
No próximo vou colocar a primeira história que eu escrevi com esse personagem (que como vocês vão notar facilmente, não é sempre o mesmo! mas, como eu disse, as explicações sobre o Ele virão depois...)
Espero que gostem!