Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

1.5.08

O Cisne de Cristal


Ele tinha um cisne de cristal.

E nada mais.

Aquele cisne era tudo o que ele tinha, tudo o que havia lhe restado.

Vivia nas ruas... Não tinha um lar. Não tinha uma família para chamar de sua, mal tinha roupas para se vestir. Mas tinha aquele cisne. E cuidava daquele pequeno pedacinho de cristal com todo o carinho que podia.

Tinha pertencido à sua filha. Disso ele se lemrava claramente. Era a única coisa palpável que o lembrava dela...

Sim... Ela estava viva ainda, assim como sua antiga esposa... Mas ele não podia vê-las, não podia voltar atrás... Tinha estragado tudo e sabia disso.

E aquele cisne era tudo o que havia sobrado de sua antiga vida...

E, de certa forma, de uma forma muito real, aquele cisne era sua vida...

(...)

Um dia, sem nenhuma razão, um homem entrou no beco onde morava e começou a agredir todos em seu caminho. Ele não entendia o que o homem estava falando, mas parecia estar procurando alguém. Conseguiu se afastar da confusão e alcançar a entrada do beco. Contudo, quando estava quase saindo, o homem o alcançou e, sem mais nem menos, com um sorriso estranho nos lábios, o empurrou.

E o cisne, o pequeno cisne, caiu de suas mãos e se partiu.

E, de repente, toda a sua vida tinha virado pó. Tudo o que havia sobrado de importante.

Tudo.

Então ele se ajoelhou e chorou... Não tinha mais o que fazer...



Chorou.



- História adaptada livremente de uma cena de uma HQ de Spawn que eu li a uns 10 anos atrásm a partir da minha memória. Ou seja, não é tão confiável assim... rs.... Mas enfim... Não tem como explicar, mas já naquela idade (com uns 11 ou 12 anos) essa cena me marcou muito. Na revista, ela não era nada importante. Esse personagem nunca mais apareceu... Mas me marcou muito o fato de aquele objeto ser tudo o que ele possuia na vida e, de repente, sem mais nem menos, ele ter perdido tudo...
Já naquele tempo, aquela dúvida me atormentou... O que fazer nessa situação? Afinal, era tudo o que ele tinha. Todo o resto tinha caído aos pedaços, aos poucos. E, de repente, aquela última coluna em que se apoiava caiu...

E ainda hoje me pergunto... O que fazer, quando todas as colunas em que nos apoiamos parecem ruir? De onde tirar forças? Devemos continuar a lutar, mesmo que todos os motivos que tinhamos parecem ter desaparecido?

Pois é, não é impressionante como uma história, lida a tantos anos atrás, pode dizer tanto de nossos medos e dúvidas de hoje?

3 Comentários:

Blogger Shuzy disse...

Gostei muiito desse

;*)

8:20 AM

 
Blogger Lex disse...

Uau!

Uma nova alma lendo meu velho blog! rs

Isso sim é uma surpresa!

=)

Agradeço o elogio!

2:54 PM

 
Blogger Yargo Silva disse...

Merece uma nova história em cima dos fatos... Mas, belo!

11:55 AM

 

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