Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

19.12.05

Ensaio Sobre a Dor no Mundo




O brilho, a faca, o corte, o sangue...
E ele havia feito de novo... O sangue escorria pelo seu peito e a dor o invadia, inebriando seus sentidos. E ele adorava isso. Adorava sentir a dor, adorava sentir o frio corte da faca em seu corpo, adorava a tontura causada pela falta se sangue.
Sim, vocês devem pensar que ele é um louco. Mas, qual é sua loucura? Afinal, ele estava fazendo o que gosta, e quantas pessoas que você conhece podem se dar ao luxo de dizer isso?
Mas, analisando de outra forma a questão... No que essa pessoa citada acima, a princípio imaginaria, é tão diferente de você? De nós? De toda a humanidade?
È fato. O ser humano sofre, gosta de fazer sofrer e gosta de sofrer. Mas ninguém admite isso. Não, não há exceções, pois a dor nos faz fortes. Indubitavelmente, precisamos sofrer para crescer, física e mentalmente...
Mas, voltemos à personagem criada acima. Sozinho, num quarto escuro, uma faca na mão e um sorriso nos lábios. Cada parte do seu corpo é preenchida por cicatrizes. Cada vez maiores, cada vez mais profundas. Pois ele se acostumava com a dor e um simples corte não mais o felicitava. Precisava ser grande, precisava cortar fundo...
Voltando à humanidade. Não nos acostumamos à dor? Não nos acostumamos a ver todas as noites crianças ensangüentadas, pessoas mortas no sofá de sua casa e outros horrores que ficaram tão comuns à nossa vida? E a cada cena que assistimos, mais um corte nos é feito. Imperceptível, com o tempo cada vez mais indolor, mas cada vez mais profundo. E a cada bombardeio, a cada prédio derrubado, a cada bomba detonada, um pouco mais nos esquecemos da dor. E cada vez mais, precisamos de mais...
E o que aconteceu com o nosso personagem? Está caído no chão de seu quarto, imóvel, sem respirar... O corte em seu peito não mais sangra e o corte em seus pulsos derrama suas últimas gotas... Sim, ele está morto. Finalmente alcançou seu grad-finale, uma chaga q nem ele pôde superar.
E nós? O mundo? A Humanidade? Quanto mais de dor teremos que suportar até percebermos que nosso fim esta cada vez mais próximo? Infelizmente, parece-me que muito está por vir... Então, aproveitem enquanto podem...
Eu? Eu lhes digo adeus... A faca já está em minhas mãos e o primeiro corte já começa a sangrar. Minhas cortinas se fecham, mas o seu espetáculo ainda continua.
Pense nisso, pois aqui, parece-me que o louco não sou eu...
Esse é um texto meu que eu gosto bastante... Que eu escrevi esse ano, numa aula da facul... Primeira experiência com essa "intertextualidade", de misturar o conto com um texto...
Tá, e eu prometo que no próximo texto Ele não morre no final............

3 Comentários:

Blogger Fernanda disse...

Gosto deste texto. É doentio, sei lá.

Mas, mas! Pq um texto sem morte no final? Eu gosto quando ele morre!!

Vc vai fazer um texto em que ele morre no inicio?

(juro que vou parar com meus comentários idiotas)

8:41 AM

 
Anonymous Anônimo disse...

se eu tivesse detestado ia ser mais fácil de comentar.

Quando gosto de algo que leio, fico sentindo as letrinhas depois que elas já se foram.

Bacana o texto.

A anta aqui ficou desde a manhã para achar onde é q estava o texto

mil bjs

5:20 PM

 
Blogger Bianca Briones disse...

"È fato. O ser humano sofre, gosta de fazer sofrer e gosta de sofrer. Mas ninguém admite isso. Não, não há exceções, pois a dor nos faz fortes."

Forte e verdadeiro.

Texo intenso.

10:27 PM

 

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