Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

18.12.05

Cria da Insanidade



Os dias passavam, trazendo uma agonia intensa. As sombras daquele amor insistiam em obscurecer seu caminho. Olhando as pessoas em volta ele imaginava: Como essas pessoas conseguem ser tão felizes? Como podem não perceber a desgraça que o mundo se tornou? Será que a infame angústia da dor ainda não havia tocado suas pobres almas? Será que eles não percebem que um mundo fantasioso foi criado em torno deles, baseado em mentiras e condenações? Ele simplesmente não conseguia entender. Em sua busca por uma resposta ele passou em frente a uma Igreja e decidiu-se por entrar. Ajoelhou-se e rezou, não propriamente a Deus ou a Jesus. Suas orações eram destinadas a forças superiores, que ele ignorava existirem até esse momento. Então abriu os olhos e olhou ao redor. O que viu somente aumentou sua dor. Agora podia ver a ganância eclesiástica, com suas Igrejas fenomenais, com suas abóbadas e detalhes em ouro e minerais preciosos, materiais conseguidos através da exploração humana, da destruição da natureza, da vontade de serem superiores. Ele não aguentou permanecer naquele local, porque agora ele havia entendido a razão de sua existência! Sua mente havia finalmente clareado! Sua dor tinha finalmente um significado e a humanidade precisava entender, como ele entendeu! Através da dor. Se era isso que ele precisava fazer para clarear as suas mentes, então que assim seja... Todas essas memórias passavam por sua mente enquanto ele andava por aquele corredor escuro, ouvindo gargalhadas cínicas e gritos de pavor. Por que ele não conseguiu faze-los entender? O que tinha feito de errado? Seus pensamentos giravam enquanto o amarravam àquela cadeira. Enquanto pensava em toda dor que havia causado e que ela não havia retirado a névoa das pessoas, ele se lembrou do que todos chamavam de “Julgamento”... Ele não havia entendido o sentido daquilo! Enquanto várias pessoas desconhecidas discutiam a sua frente sobre se ele tinha ou não torturado e matado todas aquelas pessoas, ele nada podia fazer. Então ele se levantou e gritou: “- Sim, eu as matei! Foi para isso que nosso Deus me colocou nesse mundo! Para fazer as pessoas enxergarem a verdade! Entenderem, como eu entendi! Pelo sofrimento! Qual é o problema nisso? Sigo somente as ordens de meu Pai!” Então todos pararam. As discussões se encerraram... Dois homens o prenderam a correntes e o levaram para um quarto escuro. Muito tempo se passou, sem que ele entendesse o que fazia lá... Agora, sentado naquela estranha cadeira, um homem de preto com uma cruz parecia rezar. Rezar para que? A desgraça humana já tinha alcançado seu ápice! Então o homem de preto saiu e seus pensamentos foram interrompidos por um estalo. A eletricidade passou por todo seu corpo, causando uma dor aguda, que logo se acabou. Então ele descansou, finalmente livre das dores que tanto suportou.

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