O brilho, a faca, o corte, o sangue...
E ele havia feito de novo... O sangue escorria pelo seu peito e a dor o invadia, inebriando seus sentidos. E ele adorava isso. Adorava sentir a dor, adorava sentir o frio corte da faca em seu corpo, adorava a tontura causada pela falta se sangue.
Sim, vocês devem pensar que ele é um louco. Mas, qual é sua loucura? Afinal, ele estava fazendo o que gosta, e quantas pessoas que você conhece podem se dar ao luxo de dizer isso?
Mas, analisando de outra forma a questão... No que essa pessoa citada acima, a princípio imaginaria, é tão diferente de você? De nós? De toda a humanidade?
È fato. O ser humano sofre, gosta de fazer sofrer e gosta de sofrer. Mas ninguém admite isso. Não, não há exceções, pois a dor nos faz fortes. Indubitavelmente, precisamos sofrer para crescer, física e mentalmente...
Mas, voltemos à personagem criada acima. Sozinho, num quarto escuro, uma faca na mão e um sorriso nos lábios. Cada parte do seu corpo é preenchida por cicatrizes. Cada vez maiores, cada vez mais profundas. Pois ele se acostumava com a dor e um simples corte não mais o felicitava. Precisava ser grande, precisava cortar fundo...
Voltando à humanidade. Não nos acostumamos à dor? Não nos acostumamos a ver todas as noites crianças ensangüentadas, pessoas mortas no sofá de sua casa e outros horrores que ficaram tão comuns à nossa vida? E a cada cena que assistimos, mais um corte nos é feito. Imperceptível, com o tempo cada vez mais indolor, mas cada vez mais profundo. E a cada bombardeio, a cada prédio derrubado, a cada bomba detonada, um pouco mais nos esquecemos da dor. E cada vez mais, precisamos de mais...
E o que aconteceu com o nosso personagem? Está caído no chão de seu quarto, imóvel, sem respirar... O corte em seu peito não mais sangra e o corte em seus pulsos derrama suas últimas gotas... Sim, ele está morto. Finalmente alcançou seu grad-finale, uma chaga q nem ele pôde superar.
E nós? O mundo? A Humanidade? Quanto mais de dor teremos que suportar até percebermos que nosso fim esta cada vez mais próximo? Infelizmente, parece-me que muito está por vir... Então, aproveitem enquanto podem...
Eu? Eu lhes digo adeus... A faca já está em minhas mãos e o primeiro corte já começa a sangrar. Minhas cortinas se fecham, mas o seu espetáculo ainda continua.
Pense nisso, pois aqui, parece-me que o louco não sou eu...
Esse é um texto meu que eu gosto bastante... Que eu escrevi esse ano, numa aula da facul... Primeira experiência com essa "intertextualidade", de misturar o conto com um texto...
Tá, e eu prometo que no próximo texto Ele não morre no final............