Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

11.1.06

Sim, Eu Sonho Com Um Mundo Melhor.


Hoje, um texto completamente diferente....


Tenho certeza de que a maioria de vocês já parou para pensar no sentido de Liberdade e no quão libertos nós realmente somos. E não estou aqui para falar das definições de liberdade existentes, mas, pelo contrário, das prisões a que nos submetemos. Uma, em especial, a prisão da moral.
Convêm aqui esclarecer que me refiro à moral como o pensamento do que é certo e errado, estabelecido pela sociedade. Regras e leis existem para propiciar um melhor convívio em sociedade e a elas não me oponho e, de fato as apoio. Mas, o que dizer das regras que a dita moral nos impõe?
Moda, estilo, etiqueta, rótulos, preconceitos. Regras estabelecidas pela moral social, mas que são realmente necessárias para o convívio em sociedade? Dançar no meio da rua e roubar uma pessoa são igualmente ofensas ao convívio social? Pode parecer exagero, mas quem não condena a simples visão de pessoas dançando na rua, aparentemente sem motivo? Agora, o que me impede de sair usando uma cartola na rua? Alguns diriam que isto seria ridículo. Mas, o que torna isto ridículo agora e não a poucos anos atrás? Outra regra da moral social, a moda. E isto está intrínseco em cada um de nós. Não saímos de cartola pelas ruas porque nós não queremos assim, porque nós achamos deselegante, mas sim porque acham isto de nós! E por que nos importamos com isso? Porque nos atamos a nossa própria prisão moral. Estas “correntes de moralidade” não são colocadas somente (vejam bem, somente) pelos outros, mas sim, e principalmente, por nós mesmos.
Mas, fujamos agora do assunto puramente visual e estético e vamos analisar nossas prisões mais interiores.
Num mundo onde a rebeldia adolescente é tão comentada, geralmente não se percebe as limitações de ser um revolucionário nos dias de hoje. De maneira crua, podemos dizer que, para ser revolucionário, você tem que ser comunista. Se você se diz revolucionário, mas não acredita num governo “igualitário”, você não é um real revolucionário. Você é encaixado como um “pseudo-alguma-coisa” ou ainda alguém que não sabe do que está falando. E os que acusam tão veemente as “grandes classes” de serem exclusivas e totalitárias, se mostram iguais, não aceitando alguém que lute por um mundo melhor, assim como eles. E, muitas vezes não se enxerga mais esta prisão moral, que, por mais que lutem para negar, lhes foi imposta pela sociedade, tão naturalmente que nem se deram conta. Resta dizer que, se você não é comunista, você é capitalista. Não adianta negar. O pensamento só tem dois caminhos a serem seguidos, caminhos estes surgidos, estranhamente, só em tempos recentes.
E isto leva-nos novamente à rebeldia adolescente, talvez a maior das prisões morais atualmente. Jovens tão preocupados em não se mostrarem influenciados pela mídia que se acorrentam ao outro lado da “cela”, o lado da pretensa imoralidade. E cada vez mais vemos pessoas iguais, tentando parecer diferentes. Então, mijem no Mac Donalds, queimem Bíblias, cuspam no capitalismo. A moralidade agradece, pois precisa também dessa imoralidade para se impor.
E poderia continuar a lista de prisões morais indefinidamente, passando desde os intelectuais com seus intermináveis colóquios acadêmicos, abastados de dizeres ininteligíveis e falácia pitorescas, chegando até as igrejas de esquina, adorando o mesmo Deus, mas condenando sempre a igreja vizinha. Mas, por hora, não há necessidade de nisso alongar-me.
E retorno ao título do texto. Sim, eu sonho com um mundo melhor. Um mundo onde eu possa me sentar na beira de uma calçada, a hora que eu quiser, sem ser visto como um infrator. Um mundo onde eu possa me vestir com as cores que eu quiser, sem que o empecilho para isto seja a minha preocupação com a moral imposta pelos outros. Sonho com um mundo onde escutar Bach seguido de Sex Pistols não seja considerado o cúmulo do non-sense musical. Mas, infelizmente, penso já estar tão conectado às minhas próprias convicções (outro termo para prisões) morais, que este sonhe se torna impossível...

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