Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

5.1.06

Respostas

Então, vamos às respostas da pergunta da Fer:

Questão 2:

Engraçado que o seu início é sempre uma situação de morte. Ele pode escolher viver ou não, mas a morte sempre está presente, mesmo quando Ele não morre. Leio teus textos, e vejo que mais constante que a própria morte é a fuga, me perdoe se minha análise é equivocada, eu sei qua há este risco, mas me parece que Ele está smepre fugindo, do vazio, da dor, da vida, de si mesmo. Será que se Ele deixasse de correr e enfrentasse de vez os seus demônios ele encontraria a vida?


Não sei se dá pra dizer que a fuga está sempre presente... Ela está sim presente, em alguns textos, como Saída e Ele... Mas não é em todos... Veja por exemplo em Cria da Insanidade: Ele não está fugindo de nada! Muito pelo contrário, pensa ter encontrado seu caminho e faz o possível para seguí-lo.
Mas, acho q a pergunta refere-se mais ao texto Saída. É uma pergunta difícil de responder... Eu pelo menos nunca estive em coma, nem conheço alguém que dele tenha acordado para me contar se resolveu fugir dos demônios ou se você só acorda quando pára de correr e resolve chutar a bunda deles!
Interessante também é que ele não vê seus demônios... Quando estamos frente a algo desconhecido, não é bem mais fácil correr?

Questão 3:

Ainda me sinto curiosa nesta relação que se estabelece entre autor e personagem. Seria possível afirmar que Ele não vê outra saída melhor que morrer, para que você, no seu cotidiano encontre? Ele é uma personagem, ou uma válvula de escape para os seus prórios demônios?

Questão interessante, e que não dá pra escapar nunca, não é mesmo? Será o personagem somente um reflexo do autor ou é totalmente separado? Vou confessar uma coisa: não sou um escritor tão bom para me afastar tanto assim de mim mesmo! Rsrsrs. Então sim, cada um dos personagens tem um pouco de mim, mas não são exatamente uma “válvula de escape” para meus problemas. Na verdade, em Ele, foi quase isso... Mas nos outros não... Saída, por exemplo, eu escrevi quando meu tio estava em coma no hospital... E Cria da Insanidade nem lembro para que era o texto, só sei que esse louco saiu correndo da minha caneta, entrou numa Igreja e saiu matando todo mundo por aí! Simplesmente deu nisso!

Questão 4:

Quando você escreve sobre a morte a intenção é falar realemente da morte? Ou é falar de vida? Qual a sua maior preocupação para com o leitor? Sobre o que, afinal de contas você deseja falar?

Sinceramente, não desejo falar sobre nada em específico! Essa questão da morte foi algo que se tornou corriqueiro em meus textos primeiramente porque eu não conseguia acabar um texto sem que Ele morresse! Não é que eu ache que tudo acabe assim, nem nada parecido... É algo que acontece, simplesmente... Não é para falar sobre como se viver, ou ainda como morrer... Eu simplesmente escrevo.
Entretanto, uma exceção é o último texto postado, O Fim. Esse sim tinha destino específico, e até um final específico, coisa que nunca acontece em textos meus...
Na verdade, o final mudou do que eu previa que seria... Eu não queria que acabasse, queria que fosse um ciclo... Mas Ele bateu o pé e falou que ia jogar! Daí a gente conversou um pouco e eu deixei Ele jogar... Fazer o que né! rs

Questão 5

Num dos textos aqui publicados, você diz que todos nós precisamos conhecer a dor porque ela nos permite crescer. Há um dito popular que diz que há dois caminhos para o crescimento: o da dor e o do amor, a diferença é que o do amor é sempre mais difícil. Por que ele nunca viu o caminho do amor? Por que ele prefere sempre o da dor?

Correndo o risco de ser confundido com um folhetim romântico: é preciso conhecer o amor para poder se escrever dele (e às vezes, nem assim...). Eu, na época que escrevi estes textos, não conhecia o amor, nem ao menos acreditava nele...
Na verdade, o amor para mim sempre esteve relacionado à dor, como se pode ver em Ele e, levemente, em Cria da Insanidade. Para mim, um era conseqüência do outro.
Ai está um dos reflexos da relação autor/personagem referida na questão 3.

Questão 6

Quando sabemos da notícia de um suicídio, é muito comum comentarmos a respeito da coragem daquele que o pratica. Mas eu pergunto. Será que é coragem mesmo? Não seria muito mais corajoso continuar vivendo neste mundo que quase nunca corresponde com nossas espectativas? Não acho estranho que Ele tenha aparecido já como aquele que gosta da dor, que busca a dor, que de certa forma precisa dela. Ainda assim, toda dor, todo o sangue me parecem instantaneos. As dores da vida não são muito maiores do que as dores causadas pela lâmina de uma faca? Ele, então, não busca a morte numa atitude de pura covardia?

Nunca achei que quem se mata é corajoso. Nem covarde. Foi uma escolha... Podia-se escolher viver ou morrer... A vida, toda ela, é feita de escolhas, e nenhuma delas é melhor do que a outra... Morrer é tão certo (ou tão errado) quanto viver, algumas vezes.Mas você se refere diretamente ao Ensaio Sobre a Dor no Mundo... Neste texto, o personagem não é para ser uma pessoa real... Simboliza sim toda a humanidade, e a faca, exatamente as dores do mundo.


Questão 7

Ele é sempre aquele alguém sem nome. Ele é Ele. Nada mais. Ele precisa mesmo ter um nome? No lugar onde Ele está nomes são necessários? Ninguém irá chamá-lo e a morte não precisa dizer o seu nome porque Ele já está entregue a ela.Esta é minha teoria. Mas ninguém melhor do que você para dizer, afinal de contas, porque Ele é apenas e sempre "Ele"?

Dessa pergunta nunca da pra escapar quando alguém fala de meus textos... Por que sempre Ele? Por que nunca um nome?
Devo começar dizendo o seguinte, que penso estar inferido em sua pergunta: Ele não vive em um mundo paralelo. Eu não tenho um mundo próprio, onde eu modifico as coisas como quiser... Posso te mostrar o viaduto do qual Ele pulos no texto Ele, posso te mostrar a Igreja que Ele entrou em Cria da Insanidade. As situações são hipotéticas, mas ainda assim ocorrem no “nosso mundo”, sem licenças poéticas de “no lugar onde ele está não é necessário”.
A questão não é o lugar, é a situação. Ele não precisa ter um nome. Mas, e por que não precisa?, me perguntará você... Isso é uma coisa que sempre pensei muito... As situações geralmente ocorridas nos textos sempre parecem próximas a nós, como se pudesse acontecer com nosso vizinho ou amigo... E é exatamente isso: pode acontecer com qualquer um. Mas é aí que entra o principal: apesar de algo que pode ser considerado normal de acontecer, nunca imaginamos que algo assim poderia acontecer com a gente! Sempre acontece com outros. Sempre acontece com Ele.

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