Um lugar onde eu possa não ser eu... Mas onde não escapo de mim mesmo.

29.10.06

À Guisa de Explicação

O mundo virtual, em sua simplicidade, pode ser mais perigoso – e danoso – do que o próprio mundo real.

Nele, amizades inseguras são construídas em moldes frágeis, enquanto antigas amizades podem se desfazer como pó. Numa falsa sensação de confiança, acreditamos que aquela presença virtual daquele seu amigo que você não vê a tempos é suficiente para manter a sua amizade. Até o ponto em que você para e percebe que você acabou de descobrir, através do orkut ou de um nick no MSN, que aquele seu grande amigo – ou amiga – está namorando. Aquele mesmo com o qual você passava tempos conversando, aquele que você sabia de tudo, antes mesmo de acontecer... E aquela falsa sensação de proximidade vai embora. Não consigo me lembrar da última vez que algum amigo meu tenha me ligado somente para me perguntar como eu estou, trocar algumas palavras. Agora temos o Orkut, não é? Tão mais fácil. Igualmente fácil é mentir através dele. E é extremamente difícil ser sincero – completamente – em algo escrito a alguém na Internet. Mas contentamo-nos ainda em saber que está “tudo certo” com aquele seu amigo, e dias depois saber que ele estava passando pela pior fase da vida dele. E você não estava lá, ao lado dele, onde deveria estar, para ajudar. Simplesmente porque você viu a foto dele no orkut, e ao lado dela estava escrito que “estava tudo certo”. Enquanto isso, aquela pessoa que você conheceu na Internet, super legal, um papo super bom, se diverte às suas custas, muitas vezes atuando através de um personagem que pra você se tornou tão real quanto aquele seu amigo de tempos atrás. Pois é, um personagem.

Tempos atrás, escrevi a uma amiga, na época em crise com o Orkut, que ela devia tratá-lo como um livro, do qual ela própria fazia parte e ajudava a escrever. Nele, alguns personagens são mais reais do que outros, mas ainda assim era um livro. Talvez só agora eu tenha percebido o perigo destas palavras.

Aliás, é incrível a sensação de poder que a virtualidade proporciona, não é mesmo? Através dela, podemos saber tudo da vida de todos, saber os podres, fofocar com as pessoas, descobrir coisas que possam ser utilizadas contra elas. E é incrível como este mesmo poder se desfaz em suas mãos, quando ele próprio se volta contra você, e você acaba descobrindo que nada daquilo que você ficou sabendo pela Internet te fez bem. Muito pelo contrário.

Enfim, afastamo-nos de grandes amigos, pela falsa sensação de proximidade, e críamos vínculos com seres que só existem através de letras. Sinceramente, estou fora desta.

Aliás, talvez Renato Russo, se ainda vivo, pudesse encontrar na Internet – e mais especificamente, no Orkut - algumas explicações para sua pretensão de um dia tentar descobrir porque é mais forte quem sabe mentir. Ou teria ainda mais dúvidas.

Para aqueles que acham que perderam um meio fácil de me encontrar, me mandem um e-mail: lex.bastos@yahoo.com.br . Receberei e responderei com prazer.

Sei que esta talvez não seja uma boa explicação para vocês. Ma basta pra mim. Talvez um dia eu volte. Mas por hoje é só, pessoal.

Um grande abraço a todos,

Lex

Ps: Pretendo colocar esse blog de volta no trilho, então voltem mais vezes!